Estudos avançam e a cura da cegueira está cada vez mais próxima

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Iniciativa Visão 2020 da Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira fixaram o objetivo de “eliminar a cegueira evitável até 2020”. Confirmando esta previsão, muitos estudos têm provado de que a cura da cegueira está cada vez mais próxima.

Ao longo da última década, os progressos científicos levantaram debates nos quais se discute algo impensável há 10 ou 20 anos: derrotar a cegueira e, o melhor, em pouco tempo.

Dentre os esforços desenvolvidos, as células estaminais pluripotentes e os implantes biomédicos (ou “biônicos”) proporcionaram, de forma semelhante, pelo menos alguma visão às pessoas que antes estavam cegas. As células pluripotentes, também chamadas células-tronco, são células em fases precoces de desenvolvimento, ou seja, antes de se diferenciarem em peças formativas dos olhos, dos cérebros ou de outros órgãos. A utilização de células-tronco revela-se cada vez mais promissora para a substituição ou recuperação das células retinianas defeituosas subjacentes a muitas causas da cegueira.

A primeira geração de retinas biônicas (microchips que proporcionam estímulos elétricos para ativação das células retinianas, induzindo a percepção visual) obteve sucesso em pacientes portadores de Retinose Pigmentar, uma doença degenerativa da retina, que durante muitos anos não viram nada. No entanto a resolução desses implantes ainda é muito baixa, fazendo com que esses pacientes consigam apenas identificar formas grosseiras como, por exemplo, localizar uma janela, seguir uma calçada ou evitar esbarrar nas pessoas ou objetos durante sua locomoção.

Na Califórnia, uma equipe de especialistas está a frente destas pesquisas. Um dos responsáveis é Dr. Mark Humayun, e o seu primeiro grande projeto consistiu em co-inventar o Argus® II que se tornou o primeiro implante retiniano comercializado. O Argus® II funciona da seguinte forma: uma mini câmera acoplada aos óculos do paciente capta a imagem e transmite até uma unidade processadora, geralmente presa ao cinto do paciente. A imagem é então transformada em estímulos elétricos que são transmitidos de forma sem fios para uma rede de 60 eléctrodos adaptado dentro do olho do paciente.

A colocação deste implante em retinas humanas contribuiu para inspirar a criação do dispositivo de células-tronco que o Dr. Humayun está desenvolvendo em conjunto com outros profissionais. Ele e o seu colega, o biólogo Dennis Clegg, apelidaram esse implante simplesmente de “adesivo”.

Humayun e Clegg planejam utilizar este adesivo de células pluripotentes para o tratamento da degeneração macular relacionada à idade (DMRI). A cegueira provocada pela DMRI acomete a visão central, responsável por funções importantes como a visão de detalhes e leitura. Esses pacientes geralmente queixam-se de mancha na visão central (escotomas) que pode estar associado à distorção da visão (metamorfopsia). A DMRI é a causa mais comum de perda de visão não tratável, responsável por 5% do total de casos de cegueira no mundo.

A forma mais comum de DMRI deve-se a atrofia progressiva lenta de uma camada de células da retina, o epitélio pigmentar da retina (EPR). O EPR proporciona um apoio essencial à camada celular de fotorreceptores, situada imediatamente à sua frente. Humayun e Clegg esperam que as células pluripotentes presentes em seu adesivo substituam as células de EPR degeneradas. Em estudos com animais conduzidos por eles mostrou que isso é possível.

O estudo clínico em pacientes teve início recentemente e terminará em 2018. Se produzir resultados, poderá ser útil no tratamento da DMRI e de outras formas de cegueira. É possível que Humayun e Clegg também aprendam algo sobre a maneira de utilizar esse modelo em estruturas biológicas de outros órgãos. A humanidade está torcendo por eles.

Fonte: Revista National Geographic – Ed. Setembro 2016

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Argus® II

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